"Dias de fúria"

Tenho em mim algo de monstruoso
Inquietação profunda que por vezes  me acomete
E que me faz quase surtar.
Necessidade imediata  de afrouxar a gravata
Sair por aí  displicentemente, sem com nada me importar.
Escapar por pouco da rotina diária que aprisiona, que escraviza
Pegar carona com a vida e não deixá-la passar.
Ir  de encontro a um amigo
Ver o pôr  do sol...
Devorar um livro
Passear com meu filho
Ou simplesmente curtir o próprio umbigo!
Há em mim um desassossego, quase tormento
Que paralisa, que anestesia
Que cria um paradoxo interno
Impulsionando sentimentos diversos.
Liberdade...Euforia...
Que me faz querer alforria desse capitalismo desenfreado
De desigualdade e injustiça, abarrotado
Da moeda poderosa que impera
E que gera guerra e destruição.
Há em mim uma espécie de fúria
Em querer fazer justiça com as próprias mãos
Em dar um basta em toda essa podridão
Que detona vidas inocentes
Tornando-nos reféns de uma nação.
Há em mim muito mais do que uma simples perturbação.
Há um desejo legítimo, súplica mortal,
De ver e viver uma realidade  mais digna e merecida
E deixar de acreditar que possa ser mera utopia

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